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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

12.10.22

Um dia, hei de fazer o Caminho!


Emília Matoso Sousa

 Procrastination is the thief of time"Edward Young in Night Thoughts (séc. XVII)

Um dia, hei de percorrer um dos Caminhos de Santiago! E, entretanto, passaram 30 anos. 30 anos em que percorri outros caminhos, os que escolhi e os que tive de escolher. Razões para só agora o ter feito? Muitas, sendo a falta de tempo a justificação que surge em primeiro lugar. Tempo. O eterno culpado de tudo aquilo que, sucessivamente, vamos adiando. Até um dia… E esse dia chegou! Tomada a decisão, começaram as indecisões. Que Caminho fazer? Quantos quilómetros? Que tipo de alojamento e como transportar a bagagem? Queria fazer o mais próximo possível de uma peregrinação a valer. A verdade é que 30 anos de espera posicionam-nos numa fase da vida em que, tenho de admitir, o back to the basics é muito bonito, mas impõe cedências para as quais já não estamos muito preparados. Além disso, a boa forma física também nem sempre foi prioridade.

A questão logística foi fácil de resolver. Albergues, não. Mochila às costas, sim. Já a forma física reclamou um pouco mais de atenção. A opção foi fazer o trajeto a partir de Valença do Minho, a distância mínima para obter a Compostela, documento que certifica a peregrinação. Durante quatro meses, as palavras de ordem foram: treinar, treinar, treinar.  Literalmente, por serras, montes e vales, pisos bons, pisos maus, sempre ao sabor das condições atmosféricas do dia. Foram 600 quilómetros percorridos por trilhos pedestres que me mostraram um país que eu não conhecia e que continuo longe de conhecer. Portugal por dentro é tão ou mais bonito do que por fora. Esconde tantos segredos! Aprendi tantas coisas! Recolhi tantas histórias! E descobri uma nova atividade que quero manter: o pedestrianismo. Last, but not least, esta não foi uma aventura solitária. Desde o primeiríssimo momento, contei com a total solidariedade do meu marido, companheiro de vida e de andanças várias, sempre disponível para alinhar e acrescentar ingredientes a todas as loucuras. Obrigada, ZM, sem ti ‘isto’ não teria sido possível!

Acredito que, na vida, tudo acontece como e quando tem de acontecer. Grande parte da nossa existência passamo-la fechados numa bolha de responsabilidades que nos impede de tirar partido das tantas coisas boas que há para fazer ‘lá fora’. Quem me conhece, sabe que esta é uma frase muito minha… Pois bem, chegou a altura de sair da bolha e fazer aquilo que nunca se fez. Desafiar limites e surpreender. E não há nada melhor do que concretizar um sonho. Ainda que 30 anos depois…

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