27 de maio 2024
Se tivesse de escolher uma única palavra para explicar o que vamos sentindo durante a última etapa, seria nostalgia. A verdade é que não queremos que acabe...
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O percurso da última etapa não era novidade, pois já o percorreramos em 2022. Talvez por isso, pareceu-nos mais curto e até as subidas finais nos pareceram mais suaves. À exceção de um trajeto de bosque com cenários muito bonitos, não é a jornada mais interessante, particularmente o quarto final, feito já em percurso urbano. A chegada à Catedral é o momento de todas as emoções. É excitação e é orgulho. Pela concretização do nosso objetivo e pela superação de alguns dos nossos limites. É alegria e celebração partilhadas com todos os que caminharam connosco. Mas também é cansaço. Afinal, foram mais de 300 quilómetros (a pé) para ali chegar. Tudo isto com aquela pontinha de tristeza, pois não queremos que o Caminho chegue ao fim. Mas a nota dominante de toda aquela envolvente, verdadeiramente mística, é a alegria que toma conta de todos os que ali chegam. Os saltos, os abraços e os sorrisos triunfantes de que se cumpriu uma missão são disso prova. Há, até, quem aproveite para fazer surpresas...
Depois de obter a Compostela e o Certificado de Distância no Gabinete de Atendimento ao Peregrino, fomos revisitar a magnífica Catedral, bem como o túmulo do Apóstolo. Desta vez, fomos também dar o abraço da praxe a Santiago, algo que não fizeramos em 2022, devido às restrições, ainda parcialmente em vigor, da pandemia.
E porque este é um dia de rituais, sejam quais forem os motivos que ali nos levam, no final da tarde, ainda assistimos à Missa dos Peregrinos. Completada a missão, era, agora, tempo de usufruir das maravilhas da cidade, cujos recantos não param de nos surpreender, e de repor energias com o patrocínio das saborosas iguarias galegas. Tempo também para tentar arrumar as emoções da conquista, que começam já a dar lugar à necessidade de definir novos projetos, novas aventuras.
Quem entra no Caminho, dificilmente consegue sair. Por isso, e isto não é um lugar comum, cada um que se termina é apenas o começo de outro. Decidir qual é o próximo é, agora, o nosso objetivo. Afinal, por muitas voltas que se dê ao tema, a resposta é sempre a mesma: uma vez peregrino, para sempre peregrino!