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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

28.02.23

PR7 PCT: Trilho de Castendo


Emília Matoso Sousa
O  percurso
12,37 Km   |   Circular   |   443 m desnível acumulado   |   Grau dificuldade: moderado
Pontos de interesse
Mata Nª Sra Lourdes; Rio Coja e galeria ripícola; Ermida Nª Sra de Lourdes e Capela da Imaculada Conceição; Santuário da Sra da Ribeira; Casa da Ínsua
Observações
A classificação ‘moderado’ deve-se sobretudo ao esforço exigido pelos trajetos em subida.
Localidade
Penalva do Castelo| Concelho do distrito de Viseu de que fazem parte as freguesias: Castelo de Penalva, Esmolfe, Germil, Ínsua, Lusinde, Pindo, Real, Sezures, Trancozelos, Antas e Matela, Vila Nova de Covelo e Mareco.
Castendo. Assim se chama o trilho de hoje, que começa e termina em Penalva do Castelo. E assim se chamava esta sede de concelho até 1957. Com um património histórico e arquitetónico a justificar uma visita, o seu ex-libris é, sem dúvida, a nobre e charmosa Casa da Ínsua, merecedora de um lugar no pódio das melhores casas senhoriais da Beira. Mas este município tem muitos segredos guardados que merecem ser ‘percorridos’. Hoje, ficámos a conhecer alguns. 

20220306_102906.jpgÀ espera da sagaz raposa…
É junto ao Pelourinho, no centro de Penalva do Castelo, que o percurso começa. Por estar a decorrer a Feira Anual do Pastor e do Queijo, havia festa na vila com direito a transmissão na TV e tudo, com as ‘vedetas’ do Somos Portugal a garantir animação da boa. Sem dúvida, um momento alto e sempre esperado na agenda cultural desta região do país. Deixámos os queijos e outras iguarias para depois e iniciámos o nosso caminho.

20220306_145519.jpgContornámos o alto muro da Ínsua em direção à Mata de Nª Srª de Lurdes que, pela sua beleza e riqueza está classificada como Imóvel de Interesse Municipal. A mata estende-se pela encosta de um monte numa área que, em tempos, pertenceu à Casa da Ínsua e onde ainda existe um edifício torreado que ostenta a flor-de-lis das insígnias da família. Repleta de pinheiros mansos, mimosas, carvalhos e medronheiros, esta é uma zona verde idílica e muito utilizada pelos locais para passear ou fazer exercício. E foi por este cenário belíssimo que descemos até ao rio Coja, cujas margens contam com uma magnífica galeria ripícola, composta de amieiros, salgueiros e freixos que, refletidos no espelho de água, proporcionam imagens que mais parecem fotografias. Prometia-nos o folheto do trilho que, em certos dias, poderíamos ter a sorte de “apreciar uma sagaz raposa a saciar a sede”. Não tivemos essa sorte! Mas, com ou sem raposa, vale a pena perder ali algum tempo e, para quem gostar de fazer piqueniques, até há um parque de merendas com mesas e cadeiras em granito. Um luxo! 

20220306_105809.jpg20220306_111004.jpg20220306_112617.jpg20220306_113702.jpg20220306_113620.jpg20220306_114232.jpg20220306_115417.jpgÉ também aqui que se encontra uma gruta-santuário, construída em homenagem a Nª Sra de Lourdes que, em 1958, terá aparecido (para os crentes), em França, a uma menina de 14 anos, Bernardete Soubirous, informação inscrita na própria gruta. As flores e as velas ali depositadas traduzem bem a devoção popular ao culto mariano. Mas há mais. Num plano um pouco acima, uma pequena capela oratório evoca o momento das aparições de Lourdes através de um imponente painel de azulejos. Para que conste, foi mandada erigir em 1909 por Manuel de Albuquerque, da família proprietária da Casa da Ínsua, como agradecimento pelo restabelecimento de sua mãe “victima de grave desastre, a 16 de Junho de 1907, na cidade de Paris”. 

20220306_115720.jpg20220306_120809.jpg20220306_121323.jpgDeixada para trás a mata, entrámos em caminhos rurais. Entre subidas e descidas, por vezes bem rasgadinhas, passamos ao lado de campos cultivados, vinhas e pinhais. Estamos em plena região do Dão e com frequência somos presenteados com a visão de vinhas imensas. Há trabalhos em curso em algumas áreas florestais. Limpeza, recolha de madeira, abertura de novos acessos… trabalhos que, com alguma frequência, danificam as placas sinalizadoras dos percursos, deixando-nos completamente desorientados. Sem GPS ou sem um mapa pode ser problemático. 20220306_122356.jpg20220306_124454.jpg20220306_125509.jpg20220306_125905.jpg20220306_134614.jpgA última subida do percurso conduz-nos à Casa da Ínsua, a qual, só por si, justifica uma deslocação à vila. Desde logo, pelos seus fantásticos jardins divididos entre geométricos, a la Versailles, e os menos formais, à boa maneira inglesa. Também conhecida como Solar dos Albuquerques, numa alusão ao seu dono original, que a mandou construir no final do século XVIII, Luís de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, a Casa é considerada, e quem o diz é Direção-Geral do Património,  “um dos mais significativos solares barrocos do nosso país”. 

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20220306_140532.jpg20220306_142005.jpg20220306_142058.jpg20220306_142104.jpgA Casa da Ínsua ainda se mantém na família, mas é, atualmente, um hotel de charme, o único português a fazer parte da rede de paradores espanhola, estando integrado na cadeia Montebelo. Com muita História e muitas histórias, até porque é também um núcleo museológico visitável, esta é uma visita mais do que recomendável. Infelizmente, devido aos tempos de confinamento, na altura ainda parcialmente em vigor, estava encerrada. 

Era, agora, tempo de ir visitar a Feira do Queijo e do Pastor e provar algumas das delícias gastronómicas regionais.
 
 

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