Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

01.06.24

PR3 SCD | São João de Areias "História, património e tradição" | Santa Comba Dão


Emília Matoso Sousa
4 janeiro 2024
 
O percurso |10,4 Km | 169 desnível acumulado
Localidade | São João de Areias, freguesia do município de Santa Comba Dão, distrito de Viseu
 
Há muito, muito tempo, uma velhinha encontrou, no areal junto ao rio Mondego, uma imagem de S. João Baptista. Eufórica com o seu achado, gritou "Boa Nova! Boa Nova!", passando aquele exato local a chamar-se Nova. Ora, espalhada a notícia, logo os moradores da vila se apressaram a ir buscar a imagem, transportando-a, em procissão, para a igreja. A vila passou, portanto, a chamar-se S. João de Areias, sendo S. João Baptista o seu padroeiro. Sobre a origem do nome da vila nada mais há a dizer, iniciemos, pois, a caminhada. Estamos em janeiro, os dias são curtos e não queremos ser surpreendidos pelo escuro. 

sjoaoareias1.jpg

São João de Areias é uma simpática vila situada no concelho de Santa Comba Dão e é no seu território que hoje vamos andar. Vale a pena percorrer a sua malha urbana para apreciar parte do rico património arquitetónico, civil e religioso, que está presente em toda a freguesia. Os vários edifícios apalaçados, ou solares, bem como a sua imponente igreja matriz, de traça barroca, são evidências de uma época auspiciosa e atestam a importância que a vila teve em tempos passados. Chegou, mesmo, a ser sede de concelho entre 1258 e 1895, ano em que esta atribuição foi repartida entre Santa Comba Dão e Carregal do Sal. Como em qualquer outra localidade beirã, a pedra é o material de construção que predomina.

sjareias2.jpgsjareias5.jpg

 
Partimos do jardim do Largo da República e tomamos a direção da igreja Matriz, datada da segunda metade do século XVIII, onde se encontra a imagem de S. João Baptista, a tal que, segundo a lenda, foi encontrada no areal do Mondego. Parece que tem altares de grande valor artístico, mas estava encerrada e não pudemos visitá-la. Passamos por várias casas solarengas e fidalgas, de traço tradicional beirão, edifícios de extrema elegância e sobriedade, em que a cal se conjuga com a pedra num contraste harmonioso. Destaca-se a Casa das Armas Reais, com o seu vistoso brasão, colocado numa das esquinas da casa.

sjareias4.jpgsjareias3.jpgsjareias6.jpg

 
Pouco depois, atingimos o final da vila e entramos em terrenos rurais. E é sobre sucessivos 'corredores' com magníficas passadeiras feitas de folhas que percorremos os quilómetros seguintes até Casas Novas, povoação onde a antiga estrada foi interrompida para dar lugar a uma passagem aérea sobre o IC12, que atravessamos.

sjareias7.jpgsjareias8.jpgsjareias9.jpgsjareias10.jpgsjareias11.jpgsjareias12.jpgsjareias13.jpgsjareias14.jpgsjareias15.jpg

 
A partir daqui, o caminho segue quase sempre por área urbana, passando por Castelejo, Silvares, Vila Dianteira e Guarita. É uma sensação muito agradável, para quem gosta de caminhar, ir atravessando localidades sucessivas. O 'chegar' a qualquer sítio transmite um sentimento de missão cumprida, de objetivo que se concretiza. Cada uma destas aldeias tem os seus encantos. O típico casario de pedra, as igrejas, os espaços públicos decorados com presépios e outros motivos da época festiva, que ainda não terminou, convidam a pausas constantes.

sjareias16.jpgsjareias17.jpgsjareias18.jpgsjareias19.jpgsjareias20.jpgsjareias21.jpgsjareias22.jpgsjareias23.jpgsjareias24.jpgsjareias25.jpg

 

E chegamos novamente a S. João de Areias, onde nos espera uma 'surpresa' que ficará nas nossas memórias não pelos melhores motivos. Quando nos preparávamos para entrar no carro, verificamos, com algum pânico, que tínhamos perdido a chave. Ainda refizemos grande parte do trilho, esperançados de que a encontrassemos, mas não. Foi um grande aborrecimento, foi uma complicação, mas tudo teve de se resolver. A boa notícia surgiu uns dias depois, quando o dono de um café local nos telefonou a dar nota de que a chave tinha sido encontrada por um habitante da vila. Pelo menos poupou-nos a despesa de uma segunda chave. Parafraseando o escritor, All's well that ends well.

 

1 comentário

Comentar post