PR3 PCT: Cenários do Passado (Esmolfe)
Data: 14 de abril 2022
O percurso
9 Km | Circular | 165 m desnível acumulado | Grau dificuldade: fácil
Pontos de interesse
Anta do Penedo do Com, Necrópole Medieval, Maçã Bravo de Esmolfe
Localidade
Esmolfe | Freguesia do município de Penalva do Castelo, distrito de Viseu.
O trilho de hoje desenvolve-se em Esmolfe, nada menos do que o berço das famosas maçãs Bravo de Esmolfe DOP (Denominação de Origem Protegida), assim chamadas, está mesmo a ver-se porquê. Mas nem tudo são rosas na ‘vida’ desta variedade de fruta, também considerada um ex-libris ao nível nacional. Apesar de muito apreciada e de ser dona de um aroma, aspeto e sabor inconfundíveis, a verdade é que há alguma confusão acerca do seu verdadeiro nome, vítima de deturpadelas, sendo, por exemplo, muitas vezes chamada de ‘bravo mofo’. Por ser tão especial e importante para a região, tem até direito a uma feira anual, que se realiza no segundo domingo de outubro, em Esmolfe, pois claro.
Saímos do miolo urbano e, imediatamente, entramos em terreno agrícola e florestal. Passamos por algumas vinhas e caminhos murados e chegamos aos sítios da Eirinha e de S. Martinho, onde, em terreno privado, mas de acesso livre, podemos apreciar uma alminha que tem por base uma ara romana, uma necrópole medieval romana, escavada na rocha e constituída por sepulturas antropomórficas, e também uma lagareta medieval (rudimentar lagar de vinho esculpido em laje de pedra). Há, de facto, muitas vinhas por aqui, ‘temperadas’ pelos rios Dão e Côja, entre as margens dos quais Esmolfe se situa. Dois rios, cujos benefícios não serão, também, alheios à excelência das já referidas maçãs locais. Passamos pelos respetivos pomares, é verdade, mas as árvores ainda estão despidas.
Nas zonas de floresta, as flores brancas das giestas já tomaram conta da paisagem, oferecendo-nos um verdadeiro espetáculo de cor branca. Alguns penedos pontuam o caminho, formando contrastes engraçados com a vegetação e com o branco e azul do céu que, hoje, está particularmente ‘fotogénico’.
E chegamos a um 'momento' pré-histórico: a Anta do Penedo do Com, provavelmente o ex-libris do património arqueológico do concelho de Penalva do Castelo, que é onde nos encontramos. Trata-se de um monumento funerário coletivo de câmara coberta por uma laje de cerca de oito toneladas, sendo o corredor também coberto. Está bem recuperada e conservada, o que é um sinal bastante positivo.
De acordo com os estudos arqueológicos ali desenvolvidos, foi possível situar a sua utilização no quarto milénio a.C., tendo sido reutilizada no período calcolítico (cerca de três mil a.C.). Num raio de sensivelmente 500 metros, existem diversos abrigos naturais utilizados também nesse período.
Seguimos viagem e chegamos a Esmolfe, onde aproveitamos para fazer um reconhecimento da localidade. Estava terminado mais um agradável passeio pela História (e Pré-história) patrocinado pelas belíssimas paisagens beirãs e adocicado pelos aromas (ainda que imaginários) das maçãs Bravo. De Esmolfe. Não esquecer!