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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

16.02.24

PR2 FAG | Rota dos Miradouros | Algodres | Guarda


Emília Matoso Sousa
Data | 5 maio 2022
 
O percurso | Circular | 8 Km (fizémos 9,57) | 202 m desnível acumulado | Fácil
Localidade | Algodres, concelho de Fornos de Algodres, distrito da Guarda
 
A rota de hoje dá-nos a conhecer Algodres, uma freguesia de Fornos de Algodres, que faz parte das Aldeias de Montanhas. Uma iniciativa que dinamiza um conjunto de projetos, cuja finalidade é promover o desenvolvimento integrado das aldeias abrangidas. A maior parte do percurso desenvolve-se dentro desta freguesia que, até ao início do século XIX (1836), foi vila e, até, sede de concelho. Não é por acaso que a atual sede é Fornos de Algodres e não outros fornos de outra coisa qualquer. Situada a 700 metros de altitude e com o Vale do Mondego aos seus pés, bem como a Estrela no horizonte, as vistas não poderiam ser mais privilegiadas.
 
Deixamo-nos perder pelas ruas estreitas e apreciamos as suas casas de pedra. Sempre a pedra. A pedra que a serra dá. Sente-se que é uma aldeia com história. O majestoso pelourinho quinhentista é disso prova. A Igreja Matriz de Sta. Maria Maior, também de granito, e de traça românica, vem do século XII, apesar de já ter sido alvo de várias intervenções. A este legado juntam-se alguns solares e capelas, como a da Nª Srª da Saúde, a da Nª Srª do Campo ou a de Santo Elói. Nos caminhos envolventes, as alminhas remetem-nos para um tempo em que religiosidade e superstição quase se fundem. As alminhas protegem do mal e é também através delas que as almas deixam o purgatório a caminho do céu. Quantas rezas e quantas promessas terão testemunhado?
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'Encavalitada' numa encosta, a aldeia apresenta muitas subidas e descidas, quais varandas suspensas sobre o vale. E é nessas varandas que 'nascem' os miradouros. O do Outeiro e o do Comborço, este último com uma plataforma suspensa no vazio. De um e de outro, as vistas são indescritíveis. Vistos dali, os telhadinhos da aldeia, lá em baixo, parecem de casinhas de brincar. Em boa verdade, toda aquela encosta é um miradouro natural, quase sem necessidade de quaisquer estruturas. Ao fundo, o vale do Mondego; ao longe, a Serra da Estrela. 

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Gigantescos blocos de granito parecem ter sido recortados para abrir caminhos e construir habitações. Algodres tem, de facto, alguns recantos encantadores. Ao descer um caminho inclinadíssimo, cruzamo-nos com uma habitante bastante idosa que, em sentido contrário, transporta sobre os ombros um enorme molho de couves. Como é que é possível, perguntamo-nos, vencer aquela subida com tanto peso em cima? Hábitos que vêm de longe e que adequam a preparação física daquelas pessoas àquelas morfologias dos terrenos!

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Na reta final, depois de percorrer caminhos rurais e florestais, chegamos a um conjunto muito pitoresco, de que faz parte um moinho e um pequeno miradouro, onde se encontra um marco geodésico.
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A caminhada está a chegar ao fim e o sentimento, mais uma vez, é de agradável surpresa. Na verdade, por mais trilhos que se percorram, há sempre diferenças entre eles, há sempre pormenores que nos deslumbram e que nos incentivam a continuar a percorrer os trilhos de Portugal.
 
No final, passamos ainda por Fornos de Algodres, que nos recebe com um vistoso painel de azulejos em que figuram todas as freguesias do concelho, ilustradas com um dos seus ex-libris (uma igreja, um pelourinho...). Não menos vistoso, e a relembrar uma fase das nossas vidas menos colorida, um mural de grande dimensão homenageia a dedicação incansável dos profissionais de saúde durante a pandemia. Um agradecimento que ficará, certamente, para a posteridade.

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