18 de fevereiro 2024
O percurso | 9,5 Km, desnível acumulado 261m | Circular | Fácil
Localidade | Treixedo, concelho de Santa Comba Dão, distrito de Viseu..
O percurso tem início junto ao Pavilhão Arnaldo Dias, do Grupo Desportivo Treixeidense. Antes de tomar o nosso rumo, fizemos um pequeníssimo desvio de 100 metros para subir ao Baloiço Coração de Treixedo, estrategicamente colocado no cimo de um morro, com umas vistas belíssimas. É também ali que se podem ver várias cruzes de pedra, ficando assim justificado o nome daquela rua, a do Calvário. Ao lado do pavilhão, uma antiga escola básica, aparentemente desativada, faz-nos crer, pela sua dimensão, que aquela pacata localidade já terá sido mais povoada.
O primeiro ponto de interesse com que nos deparamos é o Solar do Torreão, ou Solar do Visconde de Treixedo, do final do século XVIII / início do século XIX. O edifício encontra-se em ruínas, tendo ficado quase integralmente destruído pelo incêndio de 2017, mas nem por isso deixa de mostrar a grandiosidade que um dia deverá ter tido.
Passamos ainda por algumas casas de traça bastante interessante, antes de abandonar o miolo urbano para entrar em caminhos rurais. No limite da localidade, a Igreja Matriz, dedicada a N. Sra. da Assunção, destaca-se pela sua dimensão. No interior, um lindíssimo e riquíssimo altar-mor em talha dourada faz as 'honras da casa'. Não sendo movida por motivações religiosas, nem particular apreciadora de arte sacra, não consigo, ainda assim, ficar indiferente à riqueza de grande parte do património religioso que ornamenta as nossas igrejas de norte a sul do país.
Avançamos até ao lugar do Granjal, famoso, na região, pelas suas sulfurosas águas termais. Águas que não são próprias para beber, sendo indicadas apenas para o tratamento de doenças de pele, afecões bocais e reumático. É no Poço do Banho que elas estão disponíveis para 'consumo'. Apesar da exiguidade das instalações, pode dizer-se que ali funciona uma pequena estância termal onde, em tempos idos, se tomavam banhos terapêuticos. Hoje em dia, quem quiser banhos de água termal, terá de levar a água para casa.
A paragem seguinte é na margem do rio Dão e é ali que vamos encontrar a ecopista com o mesmo nome. Com uma extensão de 49 km, a Ecopista do Dão veio dar uma segunda vida ao desativado traçado da Linha de Caminho de Ferro da Beira Alta, que ligava Santa Comba Dão a Viseu. Reparte-se por três municípios, Santa Comba Dão, Tondela e Viseu, podendo ser percorridas a pé ou de bicicleta, isoladamente ou na totalidade, dependendo da condição física e tempo de cada pessoa. Para quem a faça de bicicleta, como eu já fiz, convém que tenha presente que, partindo de Viseu, é quase sempre a descer, de forma não muito acentuada, como convinha à circulação ferroviária. Seja como for, as paisagens espetaculares são uma garantia, sendo grande parte da ecopista paralela ao rio. Mas hoje, vamos apenas percorrer o troço entre a ponte ferroviária e a estação de Treixedo. A ponte, que atravessamos só pela experiência de caminhar sobre as águas, é uma bonita estrutura metálica com 122 metros de comprimento, que transpõe obliquamente o Dão.
As estações e apeadeiros onde, outrora, movimentos de passageiros partiam e chegavam, mantêm-se ali apenas como testemunhos de uma época em que o comboio era um dos principais meios de transporte. A existência de uma estação era sinal de desenvolvimento. Era o caso de Treixedo, cuja estação tinha serviço de passageiros e de mercadorias com ligação direta a Viseu, através da Linha do Dão, e ao resto do país, através da da Beira Alta. Mas os tempos mudam-se e, com eles, as vontades. Neste caso, depois de anos de abandono do traçado da linha, as vontades foram benéficas e optaram por preservar aquele património arquitetónico e paisagístico, preparando-o e disponibilizando-o para usufruto das pessoas. Pedalar (ou caminhar) naquele piso confortável rodeado de árvores ou ladeando o rio é uma experiência deveras agradável.
No final da caminhada, novamente junto ao Grupo Desportivo Treixeidense, esperava-nos uma surpresa. Um pequeno desfile de máscaras, um pouco fora de época, comemoração tardia de um Carnaval que, devido ao mau tempo, teve de ser adiado. Afinal, também o Carnaval é quando o homem quiser!