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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

30.11.22

Pedestrianismo ou a 'arte de andar a pé'


Emília Matoso Sousa

Foi durante a preparação para fazer o Caminho de Santiago que descobri as maravilhas das caminhadas. Desde logo, pelos benefícios óbvios para a saúde (física e mental). Depois, é uma atividade que não reclama equipamentos especiais e é adequada a todas as idades. Acrescente-se a possibilidade que nos dá de penetrar no meio da natureza, nos recantos mais improváveis, onde se escondem cenários paradisíacos e muitas marcas de outros tempos, reveladoras de modos de vida dos nossos antepassados. É, ainda, uma forma diferente e muito enriquecedora de fazer turismo. Verdadeiras lições de História! Finalmente, e numa época em que as questões ambientais e de sustentabilidade estão na ordem dos dias, haverá atividade mais ambientalmente responsável?

Todos os caminhos vão dar a Roma
A caminhada pode praticar-se na natureza ou em meios urbanos, dependendo dos diferentes gostos e apetites. Pessoalmente, gosto de conjugar ambas, embora privilegie a primeira. As minhas caminhadas, além de esporádicas, nunca tinham ido além dos 6/8 quilómetros. Quase sempre pelos mesmos percursos, o que, confesso, era um pouco entediante. Perante a necessidade de ter de me preparar para maior quilometragem, comecei a experimentar novos caminhos, alguns muito próximos dos lugares que, habitualmente, frequentava. Tendo a possibilidade de me deslocar com frequência para a zona de Mangualde, no distrito de Viseu, o primeiro exercício que fiz (eu e o ZM, naturalmente) foi explorar, a pé, os caminhos rurais que circundam a ‘minha’ aldeia. O segundo, já mais ambicioso, foi ir de uma aldeia até à seguinte, sempre que possível por caminhos rurais ou florestais, mas também por estradas que várias vezes percorrera de carro. Rapidamente, sentimos necessidade de alargar o âmbito e, do concelho de Mangualde, atirámo-nos aos concelhos vizinhos (Penalva do Castelo, Sátão, Nelas, Fornos de Algodres, Gouveia…). E foi, então, que tudo começou. As coisas novas que descobri naqueles caminhos que, afinal, não conhecia tão bem quanto pensava! Muitos outros se seguiram, antes de me aventurar para sítios nunca por mim percorridos. Estava acordado o ‘bichinho’ para esta nova atividade tão saudável quanto interessante, enriquecedora… e viciante. Todos os caminhos nos levam a lugares desconhecidos, mesmo quando pensamos já os conhecer, esta é que é a verdade! No limite, levam-nos, assim se costuma dizer, à sua origem, a Roma. Afinal, são de lá os seus criadores. Alguém faz ideia da quantidade de caminhos (e outros vestígios) romanos que existem no nosso país?

Pelos trilhos de Portugal…

Pelos caminhos de Portugal, eu vi tanta coisa linda, vi um mundo sem igual…”

O refrão é mais do que batido, mas é irresistível… e verdadeiro, já agora. #Quemnunca o utilizou para se referir aos passeios que se fazem pelo nosso país?

A caminhada tem vindo a somar adeptos e já começa a ganhar contornos de uma nova forma de fazer turismo. Talvez por vivermos num mundo cada vez mais preocupado com hábitos de vida  saudáveis, talvez porque comece a surgir alguma vontade de evitar destinos de turismo demasiado massificados, talvez porque… Cada um terá as suas razões. Cientes desta realidade, as autarquias portuguesas têm vindo a dotar os seus territórios de itinerários certificados que permitem um acesso seguro aos seus recantos menos percorridos e, tantas vezes, mais preciosos. Homologados pela Federação de Campismo e Montanhismo, que é quem percebe e trata destes temas, existe atualmente um sem número de possibilidades de percorrer o país, seja através de grandes ou de pequenas rotas. As Grandes Rotas (designadas por GR) têm mais de 30 quilómetros, as Pequenas Rotas (designadas por PR) têm menos. Todas estão devidamente assinaladas, evitando que os ‘caminheiros’ se percam e, no caso dos percursos circulares, não reclamam a utilização de transporte para o regresso. Porém, e porque não há bela sem senão, a manutenção de alguns destes percursos evidencia alguma incúria por parte dos respetivos responsáveis. Fica aqui o reparo. É que não basta criar os trilhos, há que mantê-los transitáveis, seguros e bem sinalizados. Triste, também, é a frequência com que nos deparamos com paisagens martirizadas pelos incêndios florestais que, ano após ano, dizimam hectares e hectares do nosso país rural. Felizmente, ainda há muito para ver, mas se não houver uma adequada e urgente resposta da humanidade às alterações climáticas e se não se estimular o respeito pela natureza como um valor basilar na educação desde as cadeiras das escolas, o futuro do planeta estará em perigo. Sobretudo, e se possível, deixar as cadeiras na sala de aula, e sair à descoberta de tudo aquilo que não cabe nas páginas de nenhum livro. Percorrer os meandros da natureza é a mais incrível das lições! Depois, há a vertente humana. A passagem por aldeias e lugares do Portugal profundo e real proporciona o contacto com as populações locais, sempre hospitaleiras e disponíveis para dois dedos de conversa. Por fim, e porque parte importante destes passeios, pelo menos para o bom português, é a gastronomia, nada melhor do que terminar a jornada à mesa de um estabelecimento local a degustar as maravilhas que cada região tem para oferecer. E acreditem que são muitas!

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