O Caminho é para continuar!
Há qualquer coisa no Caminho que nos toca. Não é por acaso que quase todos querem voltar. Uma vez, e outra, e outra… Ninguém regressa igual, dizem. Não estou segura de que tenha regressado diferente, mas muitas vezes dou por mim a pensar nas ‘lições’ que fui aprendendo pelo Caminho. Marcou-me, sobretudo, a experiência de, durante vários dias, viver numa quase comunidade constituída por desconhecidos movidos por um propósito comum, desconhecidos solidários e disponíveis, desconhecidos que, ali, de igual para igual, partilham as mesmas ‘dores’, enfrentam os mesmos obstáculos e celebram as mesmas ‘proezas’. Superei-me ao conseguir transportar às costas, numa mochila, toda a bagagem de que precisei para aqueles dez dias (os da caminhada e os três que ficámos em Santiago). A mochila é, por excelência, o símbolo do peregrino, ao obrigá-lo a libertar-se do supérfluo para se concentrar no essencial. Curiosamente, ao fim de dois ou três dias, a mochila faz de tal forma parte de nós, que sem ela sentimo-nos despidos. Acima de tudo, desafiei-me, pus-me à prova, e consegui! Não posso dizer que foi difícil (tinhamo-nos preparado para muito pior), mas não foi fácil. Até porque se fosse fácil não teria graça nenhuma! E não, o Caminho não acabou ali. Apenas começou! E é para continuar!