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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

27.10.22

Missa do Peregrino: Missa Cantada e uma Procissão insólita


Emília Matoso Sousa

O milagre do Caminho é converter em mágicas coisas que são normais", Desconhecido

A chegada à Praza do Obradoiro é um momento de grande emoção e também de confirmação. A confirmação de que o Caminho apenas começou. Mas a peregrinação só fica completa com uma visita à Catedral para assistir à Missa do Peregrino, que se celebra diariamente ao fim da tarde, no altar-mor. O que nós não sabíamos é que, por ser tempo de Corpo de Deus, a celebração ia ser especial. Talvez uma compensação pela deceção de não ver o botafumeiro em ação, algo que só acontece em eventos de grande solenidade ou quando patrocinados por alguém, a pedido.

A Catedral estava repleta de peregrinos de todo o mundo e é ali, naquele espaço, que se sente verdadeiramente o peso religioso do fenómeno. A fé tem várias faces, consoante traduza esperança, desespero, compromisso ou agradecimento e isso é visível naqueles rostos, ora através do riso, ora das lágrimas. É comovente!

Da cerimónia em si, só posso dizer que foi memorável. Por celebrar o Corpus Christi, foi uma Missa Pontifical (celebrada por um Arcebispo), a que se seguiu uma Procissão Eucarística, nada mais nada menos do que no interior da Catedral. Tinha chovido durante a manhã e o Arcebispo decidiu que, devido à “inclemência” das condições atmosféricas, não havia condições para a realização da procissão no exterior. No mínimo, insólito!

E o que dizer da Missa Cantada? Uma alternância perfeita entre o Padre (o solista) e um coro, e um fundo musical assegurado pelo magnífico som de um órgão, com todos os elementos a executar divina e magistralmente a sua respectiva parte, inclusive a própria Catedral, cuja acústica é indescritível. Sem dúvida, uma Celebração única!

Notas finais

Há um conjunto de ‘rituais’ que, sejamos crentes ou não, se cumprem ao chegar a Santiago de Compostela. Faz parte!

  • Tirar a fotografia da praxe na Praza do Obradoiro (de pé, deitado, a saltar, a fazer poses, …); afinal, há poucos momentos como este;
  • Ir obter a Compostela e o Certificado de Distância;
  • Visitar a Catedral e as relíquias do Apóstolo;
  • Assistir à Missa do Peregrino;
  • Abraçar a imagem do Apóstolo (com a COVID, deixou de ser possível);
  • Contemplar o Pórtico da Glória (Situa-se na entrada ocidental, remonta ao séc. XII, sendo um dos expoentes do estilo românico na Europa, é da autoria do escultor e arquiteto conhecido como Mestre Mateus, e é o ex-libris da Catedral. Desde a sua construção, e durante a Idade Média, funcionou como porta principal no templo, e só no séc. XVIII foi substituída por uma nova entrada virada para a Praza do Obradoiro. Segundo a tradição, o peregrino, ao chegar a Santiago, deveria encostar aí a sua cabeça, para iluminar os seus pensamentos, e colocar a mão direita no pilar central, como agradecimento pelo sucesso da sua longa jornada. Atualmente, tal já não é possível e apenas é visitada de forma condicionada.);
  • Cruzar a Porta Santa da Catedral (Situada na parte traseira da Catedral, voltada para a Praça de Quintana, a abertura desta porta dá início ao Ano Jacobeo, ou Ano Santo, que é a designação da Igreja, e que só acontece quando o Dia do Apóstolo, 25 de julho, calha a um domingo. Conduz diretamente ao altar-mor, sob o qual se encontra o túmulo do Apóstolo. Permanece aberta durante todo o Ano e volta a ser fechada no dia 31 de dezembro. Depois de 11 anos sem acontecer, o Ano Xacobeo teria sido em 2021, não fora a pandemia. Assim, e com autorização das autoridades eclesiásticas, estendeu-se a 2022: Ano Xacobeo 2021/2022). Por fim, mas não menos importante… recuperar energias. Um périplo pela cultura gastronómica galega costuma ser uma boa aposta!

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