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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

02.12.24

Etapa 2 / 15 - De Angeiras a Póvoa de Varzim | 19 Km 


Emília Matoso Sousa
13 de maio 2024
 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.", Fernando Pessoa, in Mensagem 
O dia amanheceu com um céu carregado e a prometer mais chuva do que a miudinha que já caía. As previsões meteorológicas eram de muita chuva, é verdade, mas nós esperamos sempre que 'eles' se enganem. Mas o Caminho tinha de ser feito e, portanto, protegidos pelos impermeáveis, lá fomos nós.

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Continuamos, e continuaremos por muitos quilómetros, a caminhar em passadiços sobre as maravilhosas dunas da costa. Ao nosso lado esquerdo... o mar. Sempre que olho para o mar, lembro-me do Mar Português, de Pessoa. Nem conheço quem mais bem tenha descrito as duas facetas daquela massa de água imensa, tão bela quanto causadora de desgraça.   

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Aqui tens mais vida. 

As cristas brancas das ondas que se espraiam na areia sobressaem no cinzento do mar e acrescentam luz à paisagem. Informam-nos os painéis de que as dunas têm vindo a ser recuperadas, através de projetos da "Rede Nacional de Áreas Protegidas".  

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Estamos, agora, no concelho de Vila do Conde, em plena "Paisagem Protegida Regional do Litoral de Vila do Conde e Reserva Ornitológica de Mindelo", que adotou a marca Naturconde. Esta área é constituída por uma diversidade de habitats, como dunas, praias, linhas de água, zonas húmidas, florestas, campos agrícolas e afloramentos rochosos, a par de um relevante património paisagístico, biológico, geológico, arqueológico e cultural. Reabilitar, proteger, conservar e valorizar a paisagem são as palavras de ordem. E com excelentes resultados, tendo em conta a riqueza da biodiversidade aqui existente. Painéis interpretativos ajudam-nos a identificar as espécies ali existentes, como aves, anfíbios, invertebrados ou plantas, algumas únicas no mundo. Depósitos de praias antigas, descobertas arqueológicas, algumas do paleolítico, um castro, penedos amoladoiros ou, ainda, elementos que dão nota da passagem de vikings pela região são algumas das relíquias que fazem parte do espólio desta fantástica costa. angeiras2 (1).jpgangeiras3 (1).jpg

Um sítio arqueológico e revelações de outras eras.
Chegamos a S. Paio, um afloramento rochoso sobre o mar, cuja praia ocupa um espaço que resulta de uma falha geológica (um corte mais ou menos profundo na superfície terrestre). É, também, um sítio arqueológico e é aí que vamos encontrar algumas dessas relíquias. Desde logo, o castro, ou aldeia fortificada, anterior à ocupação romana, edificado algures entre os séculos VI e I a.C. por um povo a que os romanos chamaram calaicos (ou galaicos). Muito resumidamente, designa-se por galaicos o conjunto de povos da antiga Galécia, espaço geográfico que, hoje, abrange o Norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte de Castela e Leão. Segundo os painéis, o espaço terá sido habitado por agricultores-pescadores e por prováveis produtores de sal. Da fortificação apenas restam algumas fileiras de pedras; quanto a outras marcas de vida ali existente... teremos de tomar como verdadeiro aquilo que lemos nos painéis. Perto do castro, há uma pequena capela (capela de S. Paio) dedicada ao jovem mártir S. Pelayo, origem da abreviatura  'Paio'. Gostaríamos de ter visto o seu altar, feito numa rocha trazida do oceano, mas estava fechada. O contraste da pedra com a fachada coberta de azulejos dá-lhe um ar pitoresco e não muito vulgar. 
 

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Mas há ali mais 'história', e com muitos mais anos. Milhões de anos. Uma história da evolução da crosta terrestre contada pelas inúmeras marcas deixadas pelo mar no seu movimento contra as rochas. Marcas que mostram, por exemplo, que o mar nem sempre teve o nível atual, ou as variações climáticas ao longo dos últimos milhares de anos. 
 

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Há ainda três gravuras, uma das quais junto ao marco geodésico, que aparenta ser um algiz (uma runa), um elemento do alfabeto nórdico, que poderá ter sido desenhado por vikings na Idade do Ferro ou já na Idade Média. Com um pouco de atenção (e boa vontade) conseguimos vislumbrar algo desenhado na rocha.
 

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Curiosos são, também, os cinco penedos amoladoiros (mais ou menos) visíveis na praia. Estas coisas nunca são muito evidentes, confesso, mas com um pouco de imaginação chegamos lá. Basicamente, são pequenas rochas quase em forma de navio que seriam pedras de amolar. Todas têm marcas muito similares e poderão vir da pré-história.
 

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Terminada esta aula de História, seguimos viagem para só voltar a parar na praia de Vila Chã, uma localidade piscatória com alguns recantos dignos de nota. Uma placa evocativa transporta-nos, novamente, para a Segunda Guerra Mundial quando, em 17 de setembro de 1943, ali amarou o Avro Lancaster III, um bombardeiro da inglesa RAF (Royal Air Force). Ao que parece, estaria a tentar chegar a Gibraltar, depois de ter sido atingido por fogo anti-aéreo. Isto, quando participava num ataque aos caminhos de ferro que ligam França a Itália, na zona de Antheór, Cannes. Toda a tripulação sobreviveu graças à ajuda de pescadores locais. 'Recordações' de tempos de guerra, tempos que julgávamos ter ficado lá atrás, mas que, afinal, estão ali quase ao virar da esquina.  

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Pequenos montes de areia feitos pelo vento.
Assim nos são apresentadas as dunas, nas placas informativas que encontramos. Na minha opinião são, antes, 'grandes' montes de areia, como as que agora percorremos. Tão altas, que chegam a impedir-nos de ver o mar. Na verdade, elas são menos ou mais altas consoante a quantidade de areia que lhes chega por ação dos ventos. E os ventos, ali, são fortíssimos. Sendo as dunas barreiras naturais à força das marés, é fácil de entender quão importante é a sua preservação e fixação através de espécies endémicas de vegetação dunar. Ficamos a saber que, entre Aveiro e Viana do Castelo, esta é a zona da costa mais bem preservada. 
 

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Ao longo do Caminho, encontramos várias mensagens a apelar à consciência ecológica, mas também a incentivar-nos a usufruir de toda aquela explosão de natureza, que só não está em estado puro, porque o homem não a respeita. "É preciso salgar os pés para adoçar a alma", "Deixe que a natureza lhe ensine o que é a calma"; "Desacelere, respire, relaxe, contemple" são mensagens de sensibilização que vamos encontrando. E é no Mindelo que somos recebidos por uma 'prova' desse desrespeito. Um busto de D. Pedro IV, o tal que em 8 de julho de 1832, era suposto ter ali ter desembarcado com o seu exército liberal, mas que acabou por fazê-lo, mais a sul, na praia da Memória, para pôr fim ao regime absolutista em Portugal. Não é por acaso que recebeu o cognome de 'O Libertador'. Mas esta homenagem encerra uma mensagem carregada de grande simbolismo. É que, as águas que, outrora, transportaram o liberalismo para Portugal foram as mesmas que trouxeram para a praia o lixo com que este busto foi feito. Dá que pensar!
 

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Em alguns pequenos trajetos, as dunas já taparam as estruturas de sustentação e também os passadiços, obrigando-nos a caminhar na areia. Uma evidência da força que os ventos ali podem atingir.
 

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Entretanto, os chuviscos que vinham a fazer-nos companhia, começaram a adensar-se, transformando-se, gradualmente, em chuva a sério. Nestas circunstâncias, há que aceitar e apreciar os coloridos mais misteriosos da paisagem. O impermeável protege um pouco, mas os pés ficam, inevitavelmente, molhados. Há que secá-los muito bem ao final do dia, para evitar bolhas ou outras lesões inimigas do caminheiro.

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Vila do Conde recebe-nos com a imponente imagem do seu Mosteiro de Santa Clara, convento feminino instituído em 1318 e extinto no século XIX, tendo tido, desde então, várias utilizações e ocupações, sendo atualmente uma unidade hoteleira. Não houve tempo para visitar. Ainda assim, e apesar da chuva, que se mantinha miudinha, demos uma volta pela cidade, que já conhecíamos, mas aproveitámos para relembrar. 
 

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O mar devolve-me uma memória de ti. E nela te resgato para a eternidade.", Abel Coentrão
Na chegada a Caxinas, um imponente conjunto escultórico chama a nossa atenção. É o Monumento ao Pescador, inspirado em personagens locais, da autoria de três artistas plásticos vilacondenses, os irmãos Carlos, Eduardo e Ramiro Bompastor, e pretende traduzir a bravura e a valentia dos homens do mar.
 

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Debaixo de uma chuva já intensa, atravessamos Caxinas, comunidade piscatória de Vila do Conde e uma das maiores do país. Procuramos abrigo numa pastelaria, onde aproveitamos para tomar uma bebida quente enquanto secamos um pouco as roupas. A localidade está, também, associada a muitos naufrágios e, a relembrá-lo, mesmo em frente ao mercado, foi erigido um Memorial aos Náufragos, sob a forma de um barco feito de cruzes, as quais conferem à sua aparente simplicidade uma carga emocional grande. Da autoria do arquiteto Manuel Maia Gomes, a obra pretende perpetuar a memória de todos os pescadores vilacondenses que, na costa portuguesa, e mais além, perderam a vida no mar. Naquele barco cada cruz representa uma vida perdida...
 

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Sempre debaixo de chuva, continuamos a andar e deparamo-nos com uma igreja de estética muito sui generis, mas que, ali, faz todo o sentido. É a igreja de Nª Srª dos Navegantes, ou a "Igreja do Barco", como também é conhecida, pela sua forma em barco, especialmente quando vista de frente. É, sem dúvida, a grande referência de Caxinas.
 

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Segue-se Póvoa de Varzim (nova mudança de concelho), onde fechamos a etapa de hoje. À chegada, a igreja da Lapa, com o seu peculiar farol na fachada voltada para o mar, confronta-nos, novamente, com as vicissitudes da vida de quem procura no mar a sua subsistência. Uma supplica num painel de azulejos, no próprio farol, evoca a grande tragédia ocorrida no dia 27 de fevereiro de 1892, em que "um medonho e terrível temporal se desencadeou na nossa costa, apanhando toda a pescaria da Póvoa de Varzim no meio do mar e, acossando-a, ceifou 105 pescadores que a dois passos da terra morreram no meio das vagas encapeladas e ciclópicas." Como curiosidade, foi esta tragédia que levou à fundação do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN) por ordem da Rainha D. Amélia. 
 

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Faço um breve parêntesis para uma referência ao epíteto de Costa Negra, pelo qual a costa portuguesa era designada até quase ao século XX. Das costas europeias, era a portuguesa a que mais naufrágios causava, devido à deficiente farolagem, a par da falta de portos e das embarcações deficientes.
 
Póvoa de Varzim revelou-se uma cidade bastante interessante, desde logo pela sua fantástica marginal, a Avenida dos Banhos, e a sua extensa frente de praias que fazem da cidade uma estância balnear (desde sempre) muito procurada. A sua ligação ao mar está patente em muitas das estátuas que ali encontramos. O Monumento à Peixeira, em frente ao porto de pesca, é uma delas. Da autoria do escultor Jaime Azinheira, o monumento homenageia a mulher poveira e o seu empreendedorismo na comunidade piscatória, seja pelo seu papel na venda do peixe ou na reparação das redes, seja na administração da casa ou na educação dos filhos. A estátua está enriquecida com um poema do escritor Raul Brandão que, no seu livro Os Pescadores, retrata a vida difícil destes profissionais, com destaque para algumas comunidades como Póvoa de Varzim.
 

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Interessante, também, no acesso ao porto de pesca, é o Monumento ao Pescador, feito em mármore esculpido pelas mãos de João Cutileiro.
 

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Na verdade, se há coisas que abundam na cidade poveira são estátuas. Eça de Queiroz, por ser a sua terra natal; António Nobre, por ali ter passado férias e por ter dedicado poemas aos pescadores; Fernando Pessoa, por ocasião dos seus 120 anos... para mencionar apenas algumas. Destaco a que homenageia o Cego de Maio, porventura a mais famosa da Póvoa. José Rodrigues Maio (1817-1884), ou o Cego de Maio, como era conhecido, pescador e homem muito simples, grangeou fama de herói por ter arriscado a vida inúmeras vezes para salvar náufragos no mar da Póvoa. Como reconhecimento, recebeu, das mãos do próprio rei D. Luís I, a maior condecoração nacional: o Colar de Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada.
 

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Muito interessante é, ainda, o enorme painel de azulejos, da autoria de Fernando da Silva Gonçalves (Nando), localizado no paredão que divide o areal da praia da zona pesqueira, que retrata cenas da Póvoa antiga e dos seus heróis. 
 

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Outro espaço de referência é o Casino da Póvoa, um interessante exemplar de edifício de estilo neoclássico construído na década de 1930, especializado em jogos, mas com oferta na área do entretenimento.
 

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Da década de 1940, chega-nos outro espaço mítico da cidade, testemunho de uma época em que os cafés de charme marcavam pontos e eram frequentados por figuras relevantes da comunidade e da cultura portuguesa, que aí se juntavam em animadas tertúlias. Trata-se do Diana Bar que, com a sua estética vanguardista, recebeu figuras como José Régio, o realizador Manoel de Oliveira e a escritora Agustina Bessa Luís, entre outros. O edifício pertence atualmente à Câmara Municipal e funciona como biblioteca pública de praia, sendo também galeria de exposições, ou espaço para lançamentos de livros. Quando por lá passámos, estava patente uma exposição do pintor Nadir Afonso, Ainda não deu hora nenhuma, que visitámos. 
 

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Abro, aqui, um parêntesis para mencionar um interessante evento literário realizado, anualmente, nesta cidade. Trata-se do Correntes d'Escritas, que decorre durante o mês de fevereiro e celebra a literatura de expressão ibérica, juntando escritores provenientes de geografias onde se falam as línguas portuguesas e espanhola, desde Portugal e Espanha, naturalmente, mas também países da América Central e do Sul, bem como da África Lusófona. A primeira edição aconteceu no ano 2000, por ocasião das comemorações do centenário da morte de Eça de Queirós.
 
De edifícios que nos cativaram, uma referência final é devida ao restaurante Theatro, que é também winebar, livraria e galeria de arte. Um antigo teatro, num bonito edifício Art Nouveau, reabilitado para dar origem a um mix de espaços que vale muito a pena visitar.

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Placas toponímicas etnográficas, siglas ou memórias poveiras.
São muito curiosas e originais as placas toponímicas em algumas das principais ruas da cidade. Pelo menos, para quem é de fora, que para os locais os símbolos nelas usados fazem parte de uma peculiar tradição poveira. Aquilo que parecem ser elementos meramente decorativos, a puxar para um estilo etnográfico faz, afinal, parte de uma forma de escrita rudimentar e primitiva utilizada pela comunidade piscatória da Póvoa de Varzim. Fazia parte da tradição que cada pescador tivesse uma sigla, que seria a sua marca, inspirada em objetos do seu dia a dia, e que seria uma espécie de BI da sua família. A sigla original passava do pai para o filho mais novo, supostamente em melhores condições de cuidar dos pais em idade avançada. Os outros filhos também usavam a mesma sigla, mas acrescida de traços, cujo número correspondia à ordem do seu nascimento. Um traço para o mais velho, dois para o seguinte e assim por diante. Esta tradição caiu em desuso no início do século XX, mantendo-se apenas residualmente em algumas famílias com ligação à pesca. Muito se tem estudado sobre o assunto, sem grandes conclusões, acreditando-se que a sua origem possa ser nórdica, em resultado da eventual passagem de vikings pela região. Seja como for, esta forma de comunicação faz parte do legado cultural poveiro, sendo as siglas usadas, por exemplo ,no artesanato. É o caso das famosas camisolas poveiras, cujos bordados utilizam estes símbolos. 
 

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Ora, como forma de reavivar e preservar este traço cultural tão poveiro, a autarquia decidiu adotar um novo modelo de placa toponímica que utiliza as tradicionais siglas para a identificação de ruas, mas também em painéis  identificativos de figuras históricas, instituições ou acontecimentos marcantes. Concebidas pelo artista plástico poveiro Fernando da Silva Gonçalves (1940-2018), mais conhecido como Nando, são de metal, embora se assemelhem a azulejos, e podem ser consideradas obras de arte, pois que cada placa é única e feita à mão.
 

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Póvoa de Varzim merece, sem dúvida, uma visita e, acima de tudo, merece um louvor pela forma como tem reabilitado a sua fantástica marginal, após a construção desenfreada de que foi alvo, movida pela pressão turística, entre as décadas de 1970/90. 

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O dia terminou com um reconfortante jantar, saborosamente rematado com uma rabanada poveira, especialidade local, a que se seguiu um passeio noturno, em que, alertados pelo lançamento de foguetes, assistimos a mais uma demonstração da religiosidade e fé destas gentes. Uma procissão de velas, a assinalar o dia de N. Sra. de Fátima, por ser 13 de maio. 
 

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Os Caminhos de Santiago
São muitos os caminhos que, desde a Idade Média, de sul a norte, cruzam o país em direção a Espanha e, daí, a Santiago de Compostela. No concelho de Póvoa de Varzim, passam dois caminhos, ambos provenientes do Porto. O Central, que segue em direção a Valença do Minho, via S. Pedro de Rates; e o da Costa, que é o que estamos a fazer. Relativamente ao da Costa, há, também, duas alternativas: pelo interior, pela velha estrada de Viana, ou, acompanhando a orla costeira pelo Caminho das Areias até Esposende, que foi a nossa opção. Qualquer deles se encontra devidamente assinalado. 
 
Faz parte do Caminho, crenças religiosas à parte, apreciar o riquíssimo património religioso do nosso país. Não entramos em todas, até porque o tempo seria escasso, mas tentamos visitar as mais emblemáticas. Na Póvoa, a escolha recaiu sobre duas, uma mais tradicional e outra mais moderna,  a Capela de São Roque e a igreja de São José de Ribamar, respetivamente.

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