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Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

Caminhos Mil

"É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.", José Saramago

05.03.25

Etapa 13 / 15 - De Armenteira a Vilanova de Arousa (26 Km) 


Emília Matoso Sousa
25 de maio 2024
 
No bosque encantado entre moinhos e quedas de água...
Despedimo-nos de Armenteira, apreciando o busto do escritor galego Gonzalo Torrente Ballester, cuja obra muito apreciamos.

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A etapa de hoje promete! As expetativas são elevadas. Os primeiros quilómetros são, sem exageros, dos mais bonitos, se não os mais bonitos, do Caminho. Trata-se da Ruta da Pedra e da Auga, considerada por muitos como um dos mais belos trilhos da Península Ibérica. Um trajeto maravilhoso que acompanha o rio Armenteira ao longo de cerca de oito quilómetros, nos municípios de Ribadumia e Meis, na região de O Salnés, e que nos convida a um mergulho profundo no coração da natureza.

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As árvores frondosas, a vegetação luxuriante, os musgos e a água que, constantemente, se lança em quedas menos ou mais acentuadas, serão a envolvente ideal para um passeio de verão; já não se poderá dizer o mesmo se o passeio for na estação mais chuvosa, em que o piso se torna perigosamente escorregadio. Não sendo uma caminhada de dificuldade elevada, apresenta, ainda assim, alguns obstáculos que a tornam pouco adequada para quem tenha problemas de mobilidade. Isto porque há zonas acidentadas com muitas raízes de árvores e pedras de 'alguma' dimensão. Ora, onde há cursos de água velozes, há moinhos de água. Muitos moinhos, mais de trinta, dos cerca de 50 ali construídos a partir do século XVII, e provas vivas de uma época em que a  economia agrícola prosperava na zona.

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Alguns ainda com os seus canais de pedra, muitos, bastante arruinados, outros 'assim, assim', outros, ainda, bem recuperados. São eles a 'pedra' que faz parte do nome do percurso. Não há muito a dizer sobre esta ruta a não ser que é linda demais, que nos obriga a parar a cada instante e nos remete para um silêncio contemplativo e regenerador. Desacelerar e respirar fundo são, aqui, as palavras de ordem.     

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Uma Aldeia Labrega...
Um desvio minúsculo leva-nos até à Aldeia Labrega. O termo 'labrego', com que várias vezes nos deparámos nas nossas incursões pela Galiza, suscita-nos sempre um 'sorrisinho', pelo significado depreciativo com que nós, portugueses, o usamos. Porém, o seu significado primeiro é "Que ou quem vive no campo ou numa zona rural" (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). E a Aldeia Labrega é não mais do que um conjunto escultório representativo da vida quotidiana de uma aldeia típica galega do início do século XX, onde não faltam réplicas da igreja, do pelourinho, do forno, da fonte, do espigueiro, do carro de bois, dos animais domésticos e dos aldeões. As esculturas foram realizadas pela Escola de Cantoneiros, em 2008, prova de que há ainda quem não deixe 'morrer' certas formas de arte. Foi também ali que encontrámos um magnífico conjunto de moinhos devidamente recuperados.

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A ruta encantada está prestes a terminar (ou a começar, para quem vem em sentido contrário)... E eis que vamos entrar noutra ruta, provavelmente, não tão encantadora, mas, seguramente, com outros encantos. É a Ruta do Viño Rías Baixas, de acordo com um cartaz que nos dá as boas-vindas, e que nos informa que são cinco as subzonas daquela Denominação de Origem: Val do Salnés, Condado do Tea, O Rosal, Soutomaior e Ribeira do Ulla. Tudo Albariño, Alvarinho em Portugal. E se dúvidas houvesse, os imensos vinhedos que começaram a compor o cenário seriam bastante esclarecedores. Entretanto, ladeamos já o rio Umia, que atravessamos em Cabanelas, sobre uma ponte com o mesmo nome. É também aí, no Bar Náutico, com 'vista rio', que fazemos uma paragem refrescante...
 

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Seguimos viagem, desta vez 'abençoados' pela chuva. A Galiza é assim mesmo, ora chove, ora faz sol, seja inverno, seja verão. Faz parte da peregrinação. Pessoalmente, desde que não seja torrencial, não me incomoda. Antes uns chuviscos do que demasiado calor ! Além disso, se o Caminho não nos puser à prova, perde algum do seu fascínio. Como costumo dizer, se for para passear no parque, fica-se em casa. E lá fomos, agora por estrada, atravessando sucessivas localidades, marcadamente rurais e predominantemente vinhateiras. 

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Sempre debaixo de chuva, alcançamos a ria de Arousa e chegamos a Vilanova de Arousa, uma pequena cidade costeira. E é, precisamente a uma praia que vamos ter. Ao longe, vislumbra-se uma ponte, razoavelmente comprida (cerca de 2 Km), que assegura a ligação à ilha de Arousa, a maior e mais povoada da Galiza. Só por curiosidade, dos seus 36 quilómetros de costa, onze são praias. Não é para lá que vamos, no entanto... A partir daqui, é sempre em frente, por passadiço junto à praia, na verdade, uma sucessão de praias. A entrada em Vilanova de Arousa faz-se pela Pasarela de O Terrón, uma pequena ponte pedonal que, percebe-se, facilita um acesso cómodo àquelas praias.

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Antes de nos dirigirmos ao alojamento, fomos espreitar ao cais de embarque, Mar de Santiago, onde, no dia seguinte, iríamos embarcar na nossa aventura marítimo-fluvial. E mal sabíamos nós a aventura que nos esperava! O dia terminou com um belo repasto, com tudo a que um peregrino tem direito, e com um reconhecimento da localidade, por sinal muito bonita.

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