22 de maio 2024
Esta etapa é a última do Caminho da Costa e leva-nos a Redondela, localidade onde entronca com o Caminho Central, que fizéramos em 2022, e por onde iremos continuar.
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Iniciamos a saída de Vigo pela Gran Vía, uma das principais artérias da cidade, onde se destaca o Monumento ao Trabalho, uma imensa escultura que presta homenagem à vida dura dos trabalhadores do mar. Pouco depois, estamos no Calvário, uma zona de natureza e origem operária e que foi ganhando dimensão até se transformar numa das zonas comerciais com mais vida da cidade.Mais um exemplo da autenticidade que fica fora dos circuitos mais turísticos. Passamos pelo movimentadíssimo mercado e não resistimos a entrar. A secção do pescado é a que mais nos atrai, tal a variedade e qualidade dos espécimes ali expostos.
Vamos apreciando a vida a acontecer naquelas ruas. Algumas pinturas murais acrescentam as notas de cor que não abundam nesta cidade predominantemente cinzenta, mais pela sua estética industrial do que por questões de clima, que é predominantemente luminoso. Uma igreja com um estranho telhado de betão a formar uns bicos chama a nossa atenção. Trata-se da Igreja da Imaculada Conceição, conhecida como "igreja dos picos", de construção bastante recente (1968). É apenas estranha, não convence esteticamente.
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Segue-se o bairro Lavadores, "um bairro trabalhador, rural e comercial" que, em tempos, foi a rua "Rusia Chiquita”, a zona mais 'vermelha' de Vigo antes da Guerra Civil, e berço do movimento sindical da cidade. Hoje, é um local tranquilo, onde a paisagem rural já começa a anunciar que estamos prestes a deixar Vigo para trás, sempre a subir e vendo a ria cada vez mais lá em baixo. Vamos, agora, percorrer a Rota da Água, que passa pelos diversos acessos e vias de circulação do canal que transporta a água desde a barragem de Eiras até Vigo. A urbe ficou definitivamente para trás, e percorremos um trajeto de grande beleza natural, sem subidas nem descidas de maior e com muitas sombras, bosques, riachos e cascatas, a par de vistas incríveis para a ria.
É também dali que se avista a ponte de Rande, outra das imagens de marca de Vigo e miradouro privilegiado para as Ilhas Cìes e de San Simón, esta na parte mais interior da ria. Passamos por Cedeira, onde se destaca a igreja de Santo André, de estilo barroco, que tentamos visitar, mas está fechada.
Já estamos na reta final da etapa e em território de Redondela, que iremos revisitar, começando por nos deliciar com as famosas tapas galegas. Os principais pontos de interesse da cidade encontram-se mencionados no texto da segunda etapa do primeiro Caminho que percorremos, em 2022 - Etapa 2 - De O Porriño a Redondela 17,6 Km ![redondela17.jpg]()
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Desta vez, a opção para pernoitar não foi Redondela, mas Cesantes, cerca de dois quilómetros à frente. Demos um pulinho ao Porto de Cesantes, próximo do nosso alojamento, um pitoresco porto pesqueiro muito fotogénico, situado em plena enseada de San Simon, a da pequena ilha do mesmo nome, que inspirou o trovador medieval galego Mendinho a escrever uma Cantiga de Amor (Sedia-m’eu na ermida de San Simion e cercaron-mi as ondas, que grandes son). Certamente, inspirado pelos encantos da natureza... Até à hora do jantar, o dia foi aproveitado para recarregar energias, já a pensar na duríssima etapa que nos esperaria no dia seguinte. Talvez a mais dura do Caminho...