Romaria de Nossa Senhora dos Verdes
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Da Senhora dos Verdes só recentemente ouvi falar, o que não admira, dada a variedade de nomes que a Senhora assume, consoante as diferentes causas que assiste. Ora, neste caso, ela protege a agricultura de pragas e de fenómenos naturais, para que as colheitas sejam boas e fartas. Trata-se de uma devoção que teve início, supostamente, do século XVI, quando uma praga de gafanhotos atacou os campos do concelho de Mangualde, bem como outros concelhos ali à volta, e só a intervenção de Nossa Senhora os exterminou. Desde então, os devotos de algumas das freguesias vizinhas deslocam-se ali em romaria religiosa com algumas notas que a tornam bastante pitoresca.
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Tradição é tradição...
E por isso, quer chova, quer faça Sol, sozinho ou acompanhado, a tradição manda que se vá a pé. E é a pé que se percorrem os cerca de oito quilómetros que separam Santiago de Cassurrães, a romaria que acompanhei, da ermida da Sra. dos Verdes, com passagem por Póvoa de Cervães. Parte do percurso pela serra, parte pela estrada. Este ano, debaixo de uma chuvinha bastante persistente. A partida é muito cedo e todos levam farnel para um segundo pequeno-almoço a meio do caminho. Um farnel para partilhar, pois então, em que não falta pão nem... chouriças. As chouriças são, aliás, as protagonistas, com direito a flores e lugar de destaque. Quase todas feitas pelos próprios, o que dá azo a uma pontinha de salutar competição. E há uma (chouriça) de tamanho gigante...
A fé e a devoção estão bem presentes, seja nas orações, em voz alta numa parte do percurso, seja nas três voltas dadas em torno das igrejas do caminho. Rituais que todos sabem de cor.
De facto, aquilo que melhor define um povo são as suas tradições. Há, no entanto, uma tradição que é comum a todos os Portugueses. É que não há celebração que não termine à volta de uma mesa posta com aquilo que cada região tem de melhor, seja ao nível do sólido, seja ao nível do líquido, que isto de caminhar cansa bastante e gasta muitas energias. Portanto, alimentado o espírito, há que alimentar o estômago, já no regresso a Santiago de Cassurrães. Desta vez, calhou um saboroso rancho à moda das Beiras. E que bom que estava!